Pouco mais de dois anos do início da pandemia, muito já se sabe sobre o vírus causador da covid e, embora as opções de tratamento específicas para a doença ainda sejam poucas, não se pode mais dizer que o mundo está lidando com um inimigo desconhecido. Mas, como se trata de uma enfermidade recente, ainda restam muitas perguntas sobre os efeitos de longo prazo, uma série de sintomas que podem afetar sistemas e órgãos diversos, seja em adultos ou crianças.
"Apesar de a gravidade da infecção pelo coronavírus ter diminuído, milhares de sobreviventes vão conviver, por muitos meses, com sintomas físicos e mentais".
Desde o começo, ficou claro que alguns pacientes apresentam sintomas prolongados de covid - sintomas contínuos que estão presentes muito tempo após a infecção inicial ter sido eliminada, e que podem ser muito debilitantes para a saúde e o bem-estar", diz Deborah Dunn-Walters, presidente da força-tarefa covid-19 da Sociedade Britânica de Imunologia e professora da Universidade de Surrey, no Reino Unido.
"O termo Covid longa abrange uma ampla gama de condições e, portanto, ainda não entendemos completamente todos os processos envolvidos", reconhece.
Não há sequer certeza sobre o percentual de pacientes que desenvolverá o problema. Enquanto alguns estudos estimaram em até 12%, pesquisadores da Universidade da Pensilvânia, nos EUA, apostam em uma proporção bem maior: 50%. Uma revisão sistemática de 57 artigos, com dados de 250.351 adultos e crianças não vacinados, diagnosticados do início da pandemia até março de 2021, indicou que um em cada dois apresentou condições de saúde prolongadas, depois da fase aguda.
Entre elas, problemas digestivos, pulmonares, dermatológicos e mentais. "A batalha de uma pessoa com covid não termina com a recuperação da infecção aguda", reconhece um dos autores, Paddy Ssentongo.
Agora, com um número expressivo de pacientes recuperados desde que os primeiros casos emergiram, aumentaram as possibilidades de se estudar as sequelas da infecção pelo Sars-CoV-2, tanto em relação aos sintomas mais expressivos quanto ao tempo de duração deles. Neste mês, um painel internacional definiu covid longa para fins de pesquisa, norteando o trabalho dos cientistas que buscam entender melhor essa condição.
Por - Gutemberg Stolze / Imprensananet.com