A Polícia Civil indiciou Ana Flávia Gonçalves e Carina Ramos pela morte de Flaviana Gonçalves, Romuyuki Gonçalves e Juan Victor Gonçalves, mãe, pai e irmão de Ana Flávia. Nesta sexta-feira, a polícia pediu novas prisões de suspeitos ligados ao caso.
As suspeitas voltaram a ser ouvidas nesta sexta e fizeram mudanças na versão que haviam apresentado. Até as 20h, elas continuavam prestando depoimento na sede da Delegacia de Investigações Criminais, de São Bernardo. Os investigadores ainda aguardam laudos e perícias que poderão fornecer novos dados ao inquérito e ajuda a esclarecer completamente o caso.
O indiciamento é um reconhecimento formal da polícia de que existe elementos suficientes para apontar a autoria do crime para Ana Flávia e Carina. Elas poderão responder ao crime de triplo homicídio qualificado na Justiça, mas isso ainda dependerá da analisa do Ministério Público fizer do caso. É o MP o órgão responsável por apresentar uma denúncia criminal formal ao judiciário, mas isso não tem prazo para ocorrer.
A família de Flaviana Gonçalves, encontrada morta com o marido e o filho em um veículo incendiado em São Bernardo do Campo, disse não ter dúvidas quanto ao envolvimento da filha da vítima no triplo homicídio. Ana Flávia Gonçalves e sua namorada, Carina Ramos, estão presas desde a quarta-feira sob suspeita de terem cometido o crime. Outros suspeitos são investigados.
Nesta sexta, elas voltaram à Delegacia de Investigações Criminais de São Bernardo para prestar o terceiro depoimento. Dessa vez, ela estão sendo confrontadas também pela mãe de Flaviana, Vera Guimarães, que participou das oitivas. Vera é avó de Ana Flávia e a polícia esperava que a presença dela pudesse alterar a versão que a suspeita tem apresentando, de negar envolvimento no caso.
Diogo Reis, primo de Flaviana, falou na porta da delegacia nesta tarde. “Hoje a família não tem mais dúvida”, disse quando questionado sobre a percepção dos parentes quanto às suspeitas que recaem sobre Ana Flávia e Carina. “A família foi vítima de uma emboscada”, acrescentou.
Ele refutou as informações de que as vítimas seriam homofóbicas. “A Ana Flávia já foi casada, eles (os pais) foram padrinhos de casamento da filha com uma mulher. Tem as fotos aqui, todos felizes no casamento”, contou. Reis disse que as restrições dos pais se dirigiam especificamente ao namoro mais recente da filha, que já dura dois anos com Carina.
“Existia um descontentamento da família em relação ao relacionamento com a Carina. Mas não que não aceitavam relacionamento homossexual. (O problema ocorria) por conta do jeito que era a Carina com eles. Não tem nada de homofóbico. Quem cometeu o crime vai tentar destruir a imagem da família”, disse o primo da vítima.
Reis contestou também a informação dada por Ana Flávia e Carina de que as vítimas saíram naquela noite para realizar o pagamento de um agiota. “O primeiro ponto que colocaram era que o Romuyuki saiu de casa para pagar um agiota. Ele era um executivo de sucesso, com duas lojas, que trabalhava ainda na Volkswagen. Ele não ia sair de 1h da manhã para pagar dívida com o filho dentro do carro”, disse.
Essa desconfiança também é levantada pela polícia, que viu contradições no depoimento das suspeitas e pediu a prisão delas. Elas já haviam prestado depoimento na madrugada da terça, quando o carro incendiado foi encontrado, e na tarde desta quinta, após a prisão. Nesta sexta, elas voltaram à delegacia para novo depoimento, mas o teor da oitiva não foi divulgado. A prisão de ambas tem prazo de 30 dias.
Entenda o caso
As investigações da morte de uma família em São Bernardo do Campo, na região metropolitana de São Paulo, apontam que a empresária Flaviana Gonçalves, de 40 anos, teria sido obrigada a dirigir o carro onde seu corpo foi encontrado carbonizado. Ela, o marido e o filho do casal foram encontrados mortos dentro de um carro carbonizado na terça-feira (28).
De acordo com o delegado seccional de São Bernardo do Campo, Ronaldo Tossunian, o comerciante Romoyuki Gonçalves, 43 anos, e o filho, Juan Gonçalves, de 15, teriam sido colocados mortos no veículo dirigido pela mulher.
A filha do casal, Ana Flávia Menezes Gonçalves, de 24 anos, e a namorada dela, Carina Ramos, de 26, foram presas na quarta-feira (29) por suspeita de envolvimento no crime. Um terceiro suspeito, que teria auxiliado as duas, também é investigado.
Segundo o laudo pericial, as vítimas morreram com pancadas no lado direito da cabeça. Pai e filho teriam morrido dentro da casa onde moravam no condomínio Morada Verde, em Santo André. Já Flaviana teria sido morta da mesma forma, mas não na residência, já que o porteiro do condomínio afirmou em depoimento que viu a empresária saindo com o carro da família às 22h36 de segunda-feira (27). O Fiat Palio de Ana Flávia passou pela portaria pouco antes.
Imagens das câmeras de monitoramento mostram o carro de Ana Flávia entrando e saindo do condomínio três vezes, entre 18h16 e 22h12 de segunda-feira (27). Nesse intervalo de tempo, outro vídeo mostra Carina entrando a pé no local usando um moletom com capuz. A polícia afirmou que Flaviana provavelmente foi rendida e obrigada a dirigir o carro com os corpos do filho e do marido.
A polícia agora tenta descobrir se Flaviana foi sequestrada antes de chegar em casa, ou quando chegou ao local, após sair do trabalho em um shopping de Santo André. Para os investigadores, o crime foi premeditado.
De acordo com o advogado Lucas Domingos, que defende Ana Flávia e Carina, as duas negam participação e autoria no crime. Questionado sobre contradições nos depoimentos delas, ele disse que quando tiver acesso ao inquérito do caso verificará “quais são”.
Fonte: Msn
Por - Gutemberg Stolze / Imprensananet.com